Niepoort – Portas abertas: uma especial forma de estar

Uma festa. Mais do que um evento vínico, mais do que uma oportunidade para provar vinho, chá, chocolate, ostras, leitão, sushi, queijo… o Niepoort – Portas Abertas é uma celebração, uma partilha, é o sinónimo de estar no mundo vínico que dificilmente encontrará algo de paralelo em Portugal. O evento torna-se de tal forma familiar que nos sentimos parte e nos sentimos muitíssimo bem recebidos. Tudo sem presunção e com simplicidade e algumas surpresas pelo meio. Tem um preço? Tem. Mas, é mais do que justo.

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Como já devem ter percebido, eu adoro provar vinho e perder-me pelas notas aromáticas, olfativas e complexidade gustativa. Ter o vasto portfolio Niepoort à disposição é demasiado tentador. Não se enganem e pensem que ali há muitas reservas.

Não há, mas há surpresas. Há grandes vinhos à disposição, muitos deles a preços que eu não sonharia comprar.

Pode acontecer darem por vocês a beber um vinho do Porto com quase 80 anos? Pode e vale tanto a pena. Este evento permite-nos também ter acesso a marcas e insígnias austríacas, húngaras, italianas, espanholas e, claro portuguesas. Se existe um senão, este não será o evento ideal para provar, colocar questões e descobrir todas estas novidades. Lembrem-se, é uma festa e é para desfrutar, e é por isso que falarei das minhas descobertas, do que gostei e daquela que a minha memória sensorial, gustativa e olfativa assinalou como referência. Infelizmente, não provei tudo, mas fiz um bom trabalho.

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Para começar, uma das estrelas mais procuradas, que facilmente fez sucesso, era o “Côte Rotie La Belle Helene Stephane Ogier, 2012“, servido numa imponente  magnum (ou seria double magnum) que pode custar aproximadamente 628 euros. Este é um vinho de 98 pontos pela Wine Advocate e acreditem, vale cada pontinho. O site Vivino diz que está entre os 1% melhores vinhos do mundo. Preços e pontuação à parte, a verdade é que se destaca e, para mim, é um vinho fabuloso. Já o tinha provado em 2018 e a impressão não se alterou.

Para os fãs de um Riesling mais doce, destaco o Joh Jos Prüm Wehlener-sonnernuhr 2007.

cuja acidez e frescura, equilibra a paladar adocicado. Da Fio Wines, o Cabi Sehr Nett 2015 também é muitíssimo bom. Ambos são capazes de agradar quem tolera ou prefere um vinho mais doce, sem comprometer ao nível da acidez. (Sim, podemos dizer que parece suminho, só não sei se isso é bom).

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Viajando até Itália, há que destacar o projeto “Tenuta di Carleone”. da região da Toscana. Este é um projeto do austríaco Karl Egger que nos recebeu muitíssimo bem. Confesso que ainda não tinha bebido um Chianti que me tivesse enchido as medidas. O Chianti Classico 2016, vinho de entrada, está prontíssimo e surpreende. Depois, passamos para o “Il Guercio”, que dos três vinhos, é o mais experimental (claramente para entendidos, curiosos e para quem gosta de experimentar). É um vinho de autor, em que o enólogo se permite experimentar. O nome, tem uma história. Karl Egger é cego de um olho, desde nascença, e “Il Guercio“, segundo o próprio, significa “the blind bastard”, nome pelo qual um amigo o apelidava. Por fim, Uno é um vinho mais complexo, que merece um outro contexto. Sangiovese é casta.

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Mesmo ao lado, os Tenuta delle Terre Nere, vinhos de solo vulcânico junto ao Etna, mostraram-se muito jovens, com taninos muito presentes e com uma frescura acentuada, pela sua acidez marcante. O seu tom mais rude exigem outra experiência e careciam de um bom acompanhamento gastronómico, como carnes vermelhas ou um bom queijo. A casta deste vinhos varietais é Nerello Mascalese.

Nesta fase, é importante sublinhar que não levei qualquer bloco de notas (tudo é fruto da memória e das impressões). Mais para o fim da tarde, foi hora de dar mais alguns passos nos vinhos da Borgonha, que primam pela elegância e delicadeza, fiquei bem impressionado com os vinhos da Domaine Guyon. Estava ao dispor um vertical de um varietal de Pinot Noir. Fica a sugestão: provem.

Por terras lusas, as principais novidades e surpresas foram o projeto “Argilla”, de vinhos de talha. Fiquei manifestamente admirado com o equilíbrio destes vinhos. Os “Vinhos Imperfeitos”, de Carlos Raposo também ficaram na retina.

Destaco a frescura, mineralidade e acidez dos vinhos brancos. Sem rótulo, gostei muito do Alfrocheiro e do algarvio – casta Negra-mole, pouco extraído, elegante e misterioso.

Não posso deixar de destacar, os vinhos do Márcio Lopes, gosto muito do Atlântico, pela frescura e recorte fine,  e fiquei feliz por saber da parceria entre Márcio Lopes e Dirk Niepoort – promete..  Outras referências agradaram (como o Primata), mas estes para mim foram aqueles que agradaram.

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Como uma boa festa que é, o Niepoort Portas Abertas ofereceu comida q.b., e nesse capítulo tenho que mencionar as ostras do Gaveto, provenientes da ria Formosa. Aquela frescura e saber a mar, sabendo que ao lado, estrategicamente, estava o espumante. Não vou dar nenhuma novidade sobre esta fantástica parceria. A repetir.

Por fim e apesar do preço este ano (25 euros) ter sido superior (em 2018 custou 15 euros), a verdade é que a entrada foi muito mais facilitada, a comida foi mais do que suficiente e não senti, ao contrário de 2018, que tinham exagerado no número de pessoas.

Para o ano, já sabem, não vou faltar.

Paulo Salgado

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