Ouvir o silêncio no Candal (Serra da Lousã)

A precisar daqueles dias de descanso, longe da civilização e da confusão, aterrámos na Serra da Lousã, numa das mais bonitas aldeias de Xisto – o Candal. Em pleno verão, esta aldeia de 10 habitantes e 1 cão recebe com a hospitalidade de quem deseja ver mais gente, mais vezes. Espécie rara talvez, porque só avistámos 3 candalenses (e o cão) durante a nossa estadia. A aldeia tem um restaurante – Sabores da Aldeia – gerido por gente simpática, que nos trata com familiaridade e à hora de almoço pergunta o que queremos para jantar. Afinal, o supermercado mais próximo fica a 20 minutos de estrada serrana… Há que planear! Entre chanfana, alheiras e outras iguarias, dali nunca se sai com fome, muito pelo contrário, o mais certo é sair a rebolar!

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Ficámos alojados na formosa e famosa Vila da Azenha, escondida no meio da serra e fora do alcance de olhares curiosos. Abrigada num cantinho da Serra, dificilmente se encontra, a não ser que se vá à procura. A casa, de xisto claro está, cheira a novo, com todos os essenciais e alguns extras, para uma estadia sem preocupações e relaxada. Das janelas vê-se exclusivamente serra, uma paisagem que fica na memória. Sem qualquer vizinhança, o sossego é uma certeza e o pensamento “quanto menos faço, menos me apetece fazer” surge a cada hora que passa. Cada vez gosto mais de férias assim, em jeito de namoro, num cenário verde, o som da água do ribeiro, uma varanda para relaxar e beber um copo de vinho, ver o pôr do sol e as estrelas no céu, só os dois a fazer nada, a levantar daqui e poisar acolá.

As aldeias mais próximas também merecem uma visita, a pé ou de carro, depende da força anímica de cada um. Desta vez, a nossa moleza levou-nos a fazer a visita ao Talasnal de carro. Esta é, provavelmente, a aldeia mais conhecida e mais visitada. Tentámos almoçar, assim numa escolha de improviso, mas parece que só por reserva. Lá está, devagar, devagarinho e sem surpresas é o que se quer na serra. Não se ouve muito mais do que pássaros, cegarregas e grilos dependendo da hora do dia. Uma pessoa aqui e ali, uns talheres a bater nos pratos dentro de casa e pouco mais que isso. Ouve-se a respiração e não é exagero dizer que, embora em sentido figurado, ouve-se o silêncio da serra.

Ah e o telemóvel, para estes lados, simplesmente não toca. Em caso de urgência é andar com ele no ar, a ver se se apanha um pauzinho de rede, estrada acima, estrada abaixo. Pode demorar, mas acaba por acontecer.

Um silêncio que é um luxo e energia para recarregar baterias.

Desejo: ouvir o silêncio numa aldeia de xisto check-40319_1280

Sara

Fotos: próprias| @viladaazenha

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